Brinquedos e Brincadeiras

Vânia Renata Abreu – Presidente Médici (RO)

Com o objetivo de propiciar o resgate dos brinquedos e brincadeiras, identificando-os como manifestações da história e da cultura, e como elementos indispensáveis à imaginação e à criação, a educadora Vânia desenvolveu o seguinte projeto com 24 crianças de 3 anos, na EMEI Pingo de Gente, em Presidente Médice/RO.

Vânia Renata Abreu é licenciada em Pedagogia com habilitação em Educação Infantil, Séries Iniciais do Ensino Fundamental e com disciplinas Pedagógicas do Ensino Médio. É também Especialista em Gestão Escolar, Tecnologias em Educação e Metodologia e Didática do Ensino Superior. Atua na Educação Infantil como professora há 5 anos, tendo a experiência de ser Professora Formadora do Proinfantil que deu embasamento teórico para a elaboração deste projeto. É ainda servidora do Estado há 13 anos, ocupando atualmente a função de supervisora escolar do Ensino Médio no EJA.

O projeto se iniciou com uma pesquisa com pais sobre brinquedos e brincadeiras relacionadas a sua infância e aspectos relacionadas a infância de seus filhos. Após análise, foi visualizado a diferença entre as brincadeiras que os pais brincavam em sua infância e a que os filhos brincam atualmente. Os pais costumavam brincar de betes, rouba-bandeira, futebol, brincadeiras de roda e casinha enquanto seus filhos gostam de brincar de carrinho, de boneca, de peças de montar e outros. Todos os pais participaram prontamente da atividade.

Depois em uma roda de conversa, as crianças falaram a respeito de quais eram suas brincadeiras preferidas e construímos uma lista de brincadeiras da turma: brincar de carrinho, de boneca, de peças de montar e outras.

Juntamente com a turma e da pesquisa respondida pelos pais, construímos uma lista com as brincadeiras que os pais brincavam quando crianças. As listas foram exploradas diariamente, as crianças gostavam muito de ouvir a leitura de suas brincadeiras preferidas feitas pela professora, bem como as brincadeiras preferidas de seus pais.

As crianças participaram da construção do cartaz que foi afixado no quadro da sala. As crianças sempre apontavam para o cartaz dizendo que ali estavam escritas as suas brincadeiras.

No decorrer do projeto, foi realizada a leitura dos livros Folclorices de Brincar, Pinóquio e do livro A caixa de Brinquedos do Kipper, explorando as imagens de cada livro. A medida em que as leituras eram realizadas, comentávamos a respeito delas e das ilustrações. No livro Folclorices de Brincar, a turma reconheceu a bola utilizada para jogar pelada, a amarelinha e a pipa por fazer parte de suas vivências.

Em uma rodinha de conversas com as crianças, elas escolheram construir a pipa por ser de seu conhecimento, e o pião e a peteca por não conhecerem e por ter chamado a atenção. Também disseram que queriam brincar de amarelinha.

As crianças foram convidadas a representar, por meio de desenhos e pinturas, as brincadeiras que mais gostavam. Esta mesma atividade foi trabalhada novamente, mas com o auxílio dos pais. As crianças registraram em casa as brincadeiras preferidas usando a criatividade e a imaginação. O interessante é que os pais se envolveram totalmente na atividade e se divertiram com os filhos. Os pais inclusive enriqueceram a atividade desenhando brincadeiras antigas que eram brincadas em sua infância, como telefone sem fio, peteca, pipa e outras. Depois, as produções da turma foram expostas em um varal na entrada da escola, e todas as pessoas que entravam paravam para observar. As crianças ficaram muito felizes ao ver seus trabalhos expostos e todos os dias, ao chegarem na escola, comentavam apontando para a produção que haviam feito.

Em seguida, as crianças escolheram alguns brinquedos para construírem em sala de aula. Os pais colaboraram trazendo materiais recicláveis para que a atividade fosse possível de ser realizada. Após a escolha foi organizado com a turma como seria a construção e, durante duas semanas, confeccionamos os brinquedos. Construíram pipa com varetas, linha e papel seda, pião com CDs, bola de gude e tampinha de garrafa pet, peteca com sacola plástica, TNT e jornal, cavalinho de pau com cabo de vassoura e garrafa pet, bilboquê com garrafa pet, barbante e tinta guache, vai e vem com garrafa pet, barbante e retalhos de EVA.

A turma se envolveu na confecção dos brinquedos e valorizou cada detalhe da construção, explorando todos os materiais e entusiasmados com o desafio proposto. Sentiram-se importantes em participar da construção dos brinquedos além de socializarem e interagirem com os colegas. Durante a confecção dos brinquedos, duas mães se prontificaram em ajudar. Uma mãe auxiliou na confecção do pião e a outra na confecção das petecas. Era uma festa só: recortar, pintar, amassar, amarrar, colar, enfeitar e inventar.

Após a confecção de cada brinquedo, as crianças brincavam, experimentavam e inventavam diferentes formas de brincar. Uma criança, ao brincar com a pipa, ficou admirada porque o vento a fazia subir e voar. Brincando com o pião, outra criança argumentou que não se tratava de um pião, mas sim de um disco voador. Uma terceira observou que o cavalo de pau não tinha patas e, a cada exploração dos brinquedos construídos, uma nova descoberta era feita. Foi observado que os brinquedos que as crianças tinham construído possuíam um significado especial pois elas haviam participado de cada detalhe. Assim, o interesse em brincar com eles permaneceu por um longo tempo.

Como o interesse das crianças se mostrava cada vez maior em explorar o mundo dos brinquedos e das brincadeiras, foi proposto um desafio para filhos e pais: construir um brinquedo em casa com materiais recicláveis e registrar por meio de fotos esse momento. A turma e os pais aceitaram o desafio e a atividade foi muito gratificante. A criatividade foi imensa; construíram vaca, porco utilizando garrafa pet, jogo de boliche, carrinho, trem de ferro com caixa de leite, bola de meia, telefone com caixa de leite, boneca com retalhos de pano, dado com caixa de papelão, peteca com isopor, TNT e pena de galinha, girafa com copo descartável, tinta guache e EVA e outros, possibilitando o estreitamento da relação entre pais e filhos.

“A atividade foi muito proveitosa e as crianças gostaram muito dos pais terem vindo para brincar assim como interagiram dividindo brinquedos e criando diferentes formas de brincar.”