Dificuldade de aprendizagem na infância

Por: Janaynna Mayara Teixeira Póvoas

Não é difícil encontrar crianças com prejuízos de aprendizagem na sala de aula, na convivência social com outras crianças, nos consultórios terapêuticos e em casa. Na verdade, hoje vemos um aumento crescente desse contexto no histórico infantil de crianças brasileiras. É normal ouvir relatos de professores, terapeutas e familiares a respeito das dificuldades dessas crianças no desempenho acadêmico, já que o processo de aprendizado é bastante complexo e requer um conjunto de pré-requisitos para o indivíduo assimilar qualquer informação que está sendo repassada ou ensinada. É preciso que o cérebro esteja apto a executar tarefas específicas e essenciais para o recebimento desses dados. Além disso, é necessário também um processo de maturação cerebral em que as funções da linguagem, percepção e reconhecimento motor fiquem em desenvolvimento.

Normalmente, as dificuldades de aprendizagem aparecem sutilmente na idade escolar. Algumas crianças apresentam alto desempenho em uma área, sabem tanto de tecnologias, mexem sozinhas nos computadores, tablets, sabem de dinossauros, como funciona sua cadeia alimentar. Mas, em compensação, dificilmente entendem o que é proposto em sala de aula, são incapazes de resolver problemas simples de matemática, ou ainda não identificam todas as letras do alfabeto, e acabam sendo reconhecidos como desatentos e desmotivados na maior parte do tempo.

E para o melhor aproveitamento da criança em processo escolar, necessitamos de muitos aspectos, tais como, interesse em aprender, desenvolvimento da linguagem oral, percepção auditiva e visual, coordenação óculo-manual, orientação espacial e temporal, lateralidade, coordenação motora e tantas outras habilidades que juntas são necessárias para a alfabetização.

Além da dificuldade em aprender, a criança com prejuízos na aprendizagem lida com as dificuldades comportamentais. Dificuldades como falta de atenção, distração, dificuldades em obedecer às regras, imaturidade social, dificuldades em seguir normas e rotinas, prejuízo na coordenação motora grossa e fina, impulsividade e frustrações são alguns dos distúrbios que logo aparecem junto a problemas de aprendizagem.

Esses transtornos de aprendizagem logo são percebidos quando as crianças são submetidas a fazer leitura textual, expressão escrita e/ou oral, e nas resoluções matemáticas. Em alguma dessas habilidades, ela se mostra aquém ao resultado esperado de acordo com sua idade, escolarização e nível cognitivo. Essa falha no Sistema Nervoso Central leva ao empobrecimento no processo de informações cerebrais recebidos. Ela recebe as informações via auditiva, visual e tátil adequadamente, mas o processamento e armazenamento resultam em problemas. A saída de informações é falha.

É necessário estar atento a estes problemas secundários desencadeados associados à criança. Eles devem ser levados em consideração para que não se tornem algo maior e de difícil abandono. Os pais precisam enfrentar o medo de encarar as dificuldades da criança, levando-a a superar os obstáculos para a aprendizagem. Encorajando-os a estabelecer objetivos, concluir metas, vencer o que o atrapalha, envolvendo-os em casa e na sociedade. A escola, juntamente com o apoio dos pais, com ajuda institucional clínica, com os terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, professores, precisam trabalhar de forma efetiva com um programa educacional apropriado a necessidade da criança que a levem ao crescimento educacional e social.

Com o apoio adicional necessário e um cuidadoso planejamento, pode-se ajudar crianças com problemas de processamento de informações a fazerem uma transição tranquila para o mundo profissional ou a educação superior, além de simplesmente passar de ano e não se sentirem desprezadas ou descriminadas. Os pais precisam assumir a liderança no planejamento de melhor aproveitamento de seu filho, ao invés de deixar somente ao encargo da escola e educadores. Isso irá melhorar e muito o aprendizado, organização e adequação no ambiente de alfabetização.